quarta-feira, 4 de setembro de 2013

O Fim é Apenas o Começo

Querida Any, não posso expressar com palavras a felicidade que você me trouxe, junto a uma onda de dor e tristeza, chego até a anojar-me, sinto-me um completo inútil, remoendo a ideia de juntar-me a ti em um descanso eterno, mas então olho para nossa querida Suzanna, e em meu coração posso sentir uma chama que a muito tempo não sentia. É o meu dever tomar conta dela, instruir e ajudar a se defender, protegê-la de todos os males, e zelar pelo seu bem, ela é exatamente idêntica a você.
Nesse momento estou parado em frente ao seu túmulo, o sol se pondo ao horizonte frio e cinzento, com seus raios cansados e alaranjados bem fortes, isso quer dizer que já é hora de eu partir? Com nossa pequena em meus braços, dormindo calmamente, com seus lábios pequenos e rosados, seus olhinhos brilhantes e sua pele pálida, eu prometi não sair ao lado dela, eu faço isso por você e por ela.
Minha vida vai mudar a partir de agora, eu sinto isso bem fundo, eu preciso ser forte, para que eu possa transmitir a segurança que ela precisa, dar o apoio que ela necessitar, secar suas lágrimas quando algo acontecer, vê-la dar os seus primeiros passos e também dizer suas primeiras palavras; você não vai estar lá não é?
Mas não se preocupe, minha querida, ela não irá cair, pois quando isso acontecer, eu estarei lá para segurá-la, e reconfortá-la. Eu sei que ela não será assim para sempre, uma hora ela irá crescer e se tornar uma bela mulher, tão bela quanto a mãe, só espero que não cometa os mesmos erros que eu cometi. O tempo vai passar, sei que vai, mais rápido como uma rajada de vento, e eu me tornarei um velho, enrugado e fraco, só então eu saberei que meu esforço valeu a pena, quando nossa Suzanna tiver se tornado aquilo que nós tanto desejávamos. Eu estarei finalmente em paz e retornarei ao eu lado, não importa aonde você estiver.
Então por favor, me espere até esse momento chegar. Você estará guardada comigo, no fundo de meu coração que já não batia mais, apenas estava lá, frio e vazio, que agora anseia tê-la junto a mim. Eu te amo, Any...

segunda-feira, 8 de julho de 2013

Em que acreditar?

Um longo tempo de espera se passou, e meu coração estava quase saindo pela boca, de nervoso. Não quero perdê-las, não quero, não consigo imaginar uma vida pacata sem elas. Seríamos tão felizes, nós três juntos, andando de mãos dadas e sorrindo uns para os outros, me fariam especial, fariam com que minha vida miserável repleta de sofrimento tivesse finalmente acabado, que eu fora finalmente recompensado.
Ah, querida Any, me sinto tão horrível por algum dia ter duvidado de você, pensado mau de você, não me importa se eu tinha ou não razão, tudo o que me importa agora é ter o seu amor, apenas o seu amor sincero, ver o seu belo sorriso de novo.
Levanto a cabeça tentando me reanimar e começo a andar em círculos, balbuciando algumas palavras sem sentido, preces para que Deus me ouça e me ajude, que ajude as minhas meninas.
Me lembro de quando eu era pequeno, uma adolescente veio até meu encontro, ela não era como os outros, tinha algo diferente nela, nunca sorria, apenas vivia. Ela se aproximou de mim e apertou minhas bochechas, o que me deixou muito nervoso, e o que fez ela soltar um leve riso, e dizer " Todos nós passamos por momentos difíceis, todos temos os nossos fardos e arcar com as consequências de atos impensados. Você pode pensar qu,e Deus não lhe ama, que ele não está olhando para você, mas entenda uma coisa, nada é certo. Você ainda será recompensado, na hora certa, então continue sorrindo, e não perca as esperanças." Ela se afastou e foi embora, deixando uma lágrima escorrer sobre seu rosto. Eu nunca mais a vi, e nunca entendi o significado das suas palavras, eu perdi as esperanças de que algum dia eu poderia sorrir sinceramente e ser alguém. 
Se eu serei recompensado, quando? 
O Médico se aproxima de mim, fitando o chão e parando na minha frente. Ele levantou a cabeça e me fitou sério. Ele nem precisou falar para que eu entendesse, para que eu entendesse que minhas preces, no final, não foram ouvidas...

sábado, 22 de junho de 2013

A esperança é a última que morre

Gentileza, conforme fui crescendo ela tornou-se cada vez mais inexistente, algo raro de se encontrar neste mundo imundo. Mas o que posso fazer, uma vez que cresci nesse ciclo amaldiçoado, nunca se pode sair dele. 
Any estava fraca, a cada dia que passava ela ficava cada vez pior. Seu sorriso havia sumido e seu corpo estava definhando, pondo em risco sua própria vida, e da nossa Suzanna, só havia lhe restado aquele brilho inocente em seus olhos, quase sumindo, seu amor e suas carícias, enquanto conversávamos e eu prometia que ela iria melhorar.
“Quero que cuide da nossa Suzanna, Andrew, que lhe dê todo o amor que ela irá precisar.”
Claro que eu relutei, ela não poderia partir e me deixar, nos deixar. Eu a protegeria e daria tudo o que ela precisasse, o mesmo vale para a Suzanna. Ela acariciou meus cabelos, que já começavam a mostrar sua cor original, loiro, e olhava em meus olhos, pedindo para que eu prometesse cuidar da nossa filha.
Relutei e disse que não a deixaria ir, que precisava dela ao meu lado. Any me mostrou que eu posso amar, que não preciso em prender a um passado, que devo seguir em frente e esquecer as coisas ruins que me atormentam, dando espaço para as coisas boas.
Quando ela foi me responder, ela começou a reclamar de dores, e ela estava sangrando, a vida do bebê estava em risco, e a dela também. Havia chegado a hora que eu não queria ver, sentir e presenciar, sentir o medo de perdê-la. 
Peguei ela no colo e chamei um taxi, rumo ao hospital mais próximo, a segurando e rezando para que ela sobrevivesse, para que chegássemos ao hospital.
Assim que chegamos, ela foi levada, e eu tive que ficar na sala de espera. Ela perdeu muito sangue, e ela já estava fraca demais. “Preciso que seja forte rapaz, vamos fazer de tudo para salvá-las.” Disse o médico para mim, com um olhar meio triste, e seguiu para dentro.
Deus, por favor, deixe minhas pequenas sobreviverem, não as tire de mim, elas são tudo o que eu tenho e mais prezo. Não sou uma pessoa boa, tenho meus pecados e faço de tudo para redimi-los, isso não é o bastante? Se você é tão poderoso assim como dizem, por favor, me ajude. Quando percebi, eu estava chorando, sentado no banco da sala de espera...

terça-feira, 18 de junho de 2013

Consequências de uma noite

“O mês se passou e descobri que Any havia engravidado. Eu não demonstrei emoção alguma, mas um leve brilho em seus olhos, algo diferente desde quando a conheci e seu verdadeiro lado. A envolvi em meus braços e pude perceber algo de novo nela.
“Ela também tinha sentimentos”
O tempo foi passando e eu tentei ignorar sua mudança, no modo de se portar e falar, já não era mais vulgar, era gentil e educado. Talvez eu achasse que ela estivesse me enganando, querendo me usar como fez com outros.
Todo dia em que acordava, ela estava ao meu lado, com seu belo corpo colado ao meu. De alguma forma me sentia feliz em tê-la ao meu lado. Aos fins de semanas saíamos juntos e caminhávamos de mãos dadas, conversando ou rindo sobre coisas que ela me contava, sua infância, por exemplo.
Ouvi-la falar era algo prazeroso. Sua doce voz ecoava calma e serena, como uma melodia de amor para ser contada no ouvido da pessoa amada. Como um canto envolvente e encantador de uma sereia.

Os meses se passaram, sua barriga foi crescendo e descobrimos que teríamos uma menina, até escolhemos o nome: Suzanna. Mas minha felicidade acabou nove meses depois, após a descoberta da nossa Suzanna e um quase pedido de casamento...”

terça-feira, 4 de junho de 2013

O diabo veste vermelho

Seu nome é Any. O que aconteceu com ela? Não gosto de me lembrar disso, já que não sou nenhum santo e no dia em que ela decidiu me confrontar eu não estava sóbrio..
“...Meu corpo emanava um cheiro horrendo de bebida e a carne podre. Estava cansado de ser um alvo para os outros, então decidi sair para beber e esquecer um pouco as coisas. Me envolvi em várias brigas, e, em algumas, alguns acabaram morrendo. Minha blusa, antes branca, agora está tingida de um rubro negro forte e fedendo a gente morta. Acho que mereço  um final ruim, já que não fiz as escolhas certas durante minha vida. Lá estava ela dobrando a esquina, já  despertada de toda a falsidade que lhe cercava.. Ela não escondia mais nada. Com seu vestido vermelho provocante e seu sorriso de mais pura malícia e luxuria, ela veio até mim e me envolveu em seus braços pequenos e delicados...”

Vocês já devem ter percebido aonde isso acabou. Quando acordei, ela estava deitada ao meu lado com os olhos inchados de tanto chorar e marcas roxas espalhadas por todo seu corpo nu e alvo.

domingo, 26 de maio de 2013

Sorriso angelical, ou talvez não

Não sei o porque, mas achei que ela fosse diferente das outras garotas que me cercam. Todas vulgares e só sabem pensar em si próprias, capazes de tudo para conseguirem o que querem, desprezando as pessoas que se importam com elas, e os tratam como se fossem lixo. Mas ela irradiava uma aura tão pura, que me acalmava, e até me fazia esquecer dos sentimentos agonizantes e tortuosos.
Ela se aproximou de mim de uma forma que me surpreende, mas nunca a pensei que ela pudesse ser igual á todas elas, ou até pior. Eu fui burro por me encantar em um sorriso daquele, e palavras falsas cheias de significados, sou mesmo um idiota.
O que aconteceu com ela? Talvez eu diga, ou talvez não, pois não é algo da qual me orgulho de ter feito...

domingo, 19 de maio de 2013

Primeiro dia no inferno

Por onde posso começar? Ainda sou um estudante, então sou obrigado a ir pro colégio. Que, por sinal, é um dos milhares de pesos na minha vida. Eu sou o excluído da sala, sempre foi assim. Ninguém fala comigo e quando tem trabalho em grupo, eu acabo sempre em último, porque ninguém ousa chegar perto de mim.
Minha aparência é um assombro para as pessoas ao meu redor: o cenho sempre franzido, os olhos tingidos por um castanho claríssimo, quase da cor do sol, os cabelos totalmente brancos, com mechas negras e azul cor do céu.
Não acho que isto deva assustar as pessoas, mas acho que meu jeito nervoso e explosivo ajuda também. Sempre reclamando da vida, fugindo das pessoas que querem me perturbar (lê-se bullying).
Meus pais? Sei lá, devem estar vadiando por aí, nem me importo mais com eles, tanto que fugi de casa e moro sozinho. E tem sido assim desde meus 10 anos. Até que conheci uma certa garota, no inicio do ano letivo, a cerca de um mês...